quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Aceitação

Não me considero uma pessoa super vaidosa, mas também não acho que sou "sem vaidade"..pra algumas coisas mais, pra outras menos, mas (eu acho que) nunca tive problema em admitir, por exemplo, o quanto me considero sortuda por ser magra sem precisar me esforçar pra isso. Barriga reta, retinha. Pneuzinho? N A D A. Manequim 36 com muito orgulho, com muito amor, mas eu nunca precisei fazer nenhum tipo de esforço pra isso. Não controlo alimentação (por isso vira e mexe to atacada de gastrite) e não me exercito (por isso minha resistência é zero e já cheguei a distender músculo tomando banho??), minha genética e/ou metabolismo devem ajudar pra isso. 
Mas não, eu não sou nenhuma linda maravilhosa totalmente dentro dos atuais padrões ocidentais de beleza. Além de ter espinhas no rosto (já fiz muita coisa e nada deu certo, com idade chegou a melhorar, ms perto da menstruação fica terrível), tenho - o mais correto é dizer que não tenho rs -  algo que me incomodava mais: a falta de seios fartos. Como eu sou baixa e magra, ter peitos enormes seria desproporcional, tudo bem, mas são tão pequeninos que por muito tempo eu me sentia realmente incomodada. Na verdade, "incômodo" é eufemismo pra dizer que eu odiava. Muito. E me odiava por isso até pouco tempo. Roupas que eu via e achava lindas e "não vai rolar pq eu não tenho peito pra usar um decote assim". Escolher sutiã...que martírio. Dificílimo achar uns bonitos que sirvam, pq só tem pra tamanhos médio/grande; os que servem perfeitamente são da seção infanto-juvenil; os confortáveis não aumentam o tamanho; os que aumentam o tamanho são caros.
E imaginem só pra comprar biquíni. Era muito pior. Felizmente inventaram os com bojo, só assim pra eu usar um biquíni sem me sentir muito mal por não ter quase nada.
Comecei a namorar e:

- não se encana com isso blablabla pra mim tá ótimo.
- e quem disse que é pra ti? É PRA MIM, PRA QUE EU ME SINTA BEM

Eu realmente achava que só me sentiria bem o dia em que eu tivesse dinheiro pra pagar uma cirurgia de implante de silicone "o dia em que eu for defensora vai ser a primeira coisa que vou fazer", pensava. Não sei se foi a ~maturidade~ chegando, eu me aprofundar cada vez mais em leituras feministas - e cada dia mais ter certeza do quanto somos menosprezadas pela sociedade - mas algo me deu um estalo e, cara, eu sou assim e tenho que me aceitar assim e e o mundo também. Minha mãe, que zoa comigo até hoje por eu não ter quase nada de peito, também não tem nada a ver.
Hoje eu vejo que por mais que eu não quisesse fazer pra agradar ao meu namorado e nem aos homens, com certeza era algo pra dar satisfação pra sociedade, afinal vemos um padrão de beleza estampado, jogado, esfregado na nossa cara e passa aquela ideia de "você tem que ser assim pra ser bonita" e hoje, com a facilidade de tratamentos estéticos (tem até consórcio pra cirurgia plástica!!), você só não se encaixa se não quiser..é mais ou menos essa a ideia, o que contribui para que nós, mulheres, continuemos alimentando essa indústria bilionária que se alimenta da nossa autoestima baixa.
Hoje eu descobri que posso andar confortavelmente sem sutiã  e sempre que a roupa  e o ambiente permitem, eu saio livre, leve e solta por aí. Não tenho problema com dor nas costas, e descobri que nem é tão difícil assim achar sutiãs que fiquem bem. As mulheres com seios fartos acabam tendo mais dificuldades pq é difícil achar os que dão a sustentação adequada e etc, contudo, a principal descoberta foi: cada uma tem sua beleza natural e única. Sejam peitos grandes, médios, pequenos, caídos, empinados. Não tenho vantagens por "não sentir dos nas costas" e nem desvantagens por "estar fora do padrão". Simplesmente eu sou eu e cada uma é cada uma, com suas individualidades, peculiaridades e corpos. Celebremos as belezas dos corpos.
Minha vida mudou depois que me aceitei, me sinto muito melhor, muito mais feliz, mais livre e leve.

2 comentários:

  1. Amiga, adorei seu texto. Me identificava muito com a sua linha de pensamento. Explico: já passei pela fase cheinha, magra, depois bem magra (logo que me tornei mãe), depois ~normal~ e agora estou acima do meu peso "ideal". Também tinha neuras do tipo: barriga flácida (pós-gravidez); seios flácidos e com estrias (pós-amamentação) e até as minhas cicatrizes no rosto. Quando eu finalmente percebi que tudo isso fazia parte das fases mais lindas que passei (maternidade) e as cicatrizes uma marca de superação, vi que tudo o que eu tenho no meu corpo é pra ser ostentado por mim como sinal da minha identidade. Super apoio quem se incomoda e quer mudar, acho que se VOCÊ não se sente legal, ok fazer qualquer coisa pra mudar, seja malhar (coisa q detesto) ou se submeter a um procedimento cirúrgico. Mas acima de tudo temos que entender que a sociedade realmente não dá a mínima pra você. Geisy Arruda é um exemplo de que, mesmo fazendo trocentas coisas pra mudar, continua execrada nas mídias da vida. Portanto, sejamos felizes com a aparência que a gente tem e qualquer mudança (ou não) será bem-vinda! :) Beijos, amiga!

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    1. Concordo, amiga!A pessoa que achar que deve fazer procedimentos estéticos, cirúrgicos ou não, malhar, ou seja lá o que for, está livre pra isso, desde que faça pra se sentir melhor e nao pra agradar ninguém. Beijos!

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